OGYGIA 1
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Ogygia, ilha primordial, onde Odisseu encontrou a ninfa Calipso, que o guardou para si durante sete anos; Ogygia, a ilha arquétipo e omnipresente que captura a imaginação poética; Ogygia, ilha mitológica e fecunda de Calipso, onde
“ele [Hermes] encontrou [Calipso]. Uma grande fogueira estava a arder na lareira e, de longe, sobre a ilha, havia uma fragrância de cedro e zimbro que ardiam. Mas ela, lá dentro, cantava com uma voz doce, enquanto ia e vinha diante do tear, tecendo com uma lançadeira de ouro. À volta da gruta crescia um bosque luxuriante de amieiros, choupos e ciprestes de cheiro doce, onde as aves de asa comprida costumavam fazer os seus ninhos, onde as corujas, os falcões e os corvos marinhos de língua tagarela, se dedicam ao mar. E ali mesmo, ao redor da caverna oca, corria uma videira de jardim, orgulhosa do seu auge, ricamente carregada de cachos. E as fontes, quatro em fila, corriam com água brilhante, umas ao lado das outras, viradas uma para cá, outra para lá. E à volta, prados suaves de violetas e salsa floresciam... (Odisseia, V.58-74).
Ogygia: Revista Literária nasce da vontade de duas mulheres açorianas, da ilha de São Miguel, que sonharam criar um espaço de mulheres para o mundo onde a criação e investigação literárias se unissem em celebração da língua portuguesa. Ogygia emerge da nossa condição de mulheres insulares, imersas na fecundidade exuberante da nossa própria ilha, do nosso arquipélago, rodeadas pelo mar que nos sustenta e nos isola. Tal como Calipso, tecemos o nosso quotidiano com paixão pela vida. Todavia, ao contrário dela, não reduzimos o nosso horizonte a um objeto afetivo, mas, sendo poetas, investigadoras, escritoras e leitoras ávidas, queremos dar voz a mulheres que têm como mátria a língua portuguesa e com ela se deleitam, dentro do fulgor da nossa lava interior e para além das nossas margens. Assim, o tema deste primeiro número de OGYGIA: REVISTA LITERÁRIA é A ILHA, interpretada por diversas vozes de mulheres, em vários géneros literários.
A equipa editorial decidiu incluir uma artista plástica, como forma de também tornar essas vozes visuais mais conhecidas no mundo lusófono. Para este primeiro número, solicitámos à artista plástica Nina Medeiros a apresentação de algumas das suas obras, fotografadas por Eduardo Borges. Convidamos, assim, o público leitor a usufruir desta revista literária digital, a enviar-nos as suas opiniões e a submeter à apreciação da nossa equipa editorial contributos para publicação.
Arte de Nina Medeiros